Breve Histórico

Av. Principal do Condomínio Cabo Branco R. Privê

Os Condomínios Fechados surgiram nos Estados Unidos na década de 50, influenciados pelas propostas do novo urbanismo, que nasceu da necessidade de repensar os subúrbios que eram dominantes nesta década. De acordo com o artigo escrito por Fernando Lara (2001), o Novo Urbanismo propõe soluções que soam radicais para os norte-americanos, mas que para nós brasileiros parecem apenas senso comum, como: incentivo ao uso múltiplo, zoneamento flexível permitindo percursos diários feitos a pé, entre outros.

O movimento do Novo Urbanismo acredita que aumentando a densidade e promovendo usos residenciais e comerciais numa mesma quadra estariam diminuindo a degradação ambiental e promovendo “vida” na cidade. Porém, as propostas do movimento geraram uma homogeneidade com o número crescente de condomínios fechados e a paisagem passou a ser lida como uma imagem geral de intolerância (Lara, 2001).

Tendo início na década de 1980 aproximadamente, os primeiros registros de estudos a respeito dos condomínios fechados como forma de moradia se expandindo por diversas regiões e países. Iniciado nos Estados Unidos com as gated communites e alcançaram todo o mundo.  Só na década de 1990 nos Estados Unidos, os condomínios se consolidaram no mercado imobiliário. Todavia, uma das primeiras comunidades construídas atrás de grades, com as características dos condomínios fechados atuais, foi o Tuxedo Park, datada de 1885, próxima de Nova York (Becker. 2005 p.26). As casas geralmente são construídas pelos próprios proprietários, não pelos incorporadores, ao contrário do que é regra nos Estados Unidos (Caldeira, 2000 p.260). Em 1998, de acordo com o CAI (Community Association Institute) já havia nos Estados Unidos cerca de 42.000 (quarenta e dois mil) condomínios fechados (Becker, 2005 p.26).

Cidade é definida como projeção da sociedade urbana em um dado lugar (Pereira, 2008 p.114) e o seu crescimento acelerado gera uma série de problemáticas na infraestrutura da malha urbana trazendo como conseqüência uma queda na qualidade de vida, aumento do desemprego, mercado informal e principalmente violência urbana. De acordo com a dissertação de mestrado de Débora Becker, os condomínios fechados surgem e se expandem nos Estados Unidos e nos países da América Latina incluindo o Brasil, como resposta a problemas sociais, econômicos e físicos (2005, p.29).

A insegurança nas cidades, aliada à busca por maior qualidade de vida dentro do contexto da sociedade de consumo, fez com que o condomínio fechado tivesse destaque e assim se expandisse (Zakabi, 2002 p.02). Assim, verifica-se que os condomínios fechados representam uma grande fatia do mercado imobiliário mundial (Becker. 2005 p.28).

No caso da cidade de João Pessoa, a especulação imobiliária tem investido diretamente na construção de condomínios fechados tanto horizontais como verticais e vem conquistando cada vez mais pessoas que optam por esse “novo estilo de morar”. O bairro Portal do Sol é onde se encontra a maior concentração de Condomínios Horizontais Fechados, sendo sete no total, marcando o bairro pela “desertificação” das ruas e calçadas, deixando a vida urbana somente dentro dos muros e para um grupo seletivo de pessoas.

Condomínio Horizontal Fechado

Entrada do Cond. Cabo Branco Res. Privê

Os Condomínios Horizontais Fechados vem sendo considerado como um fenômeno. Passaram então a fazer parte do panorama espacial e social de muitas cidades e regiões do mundo (Raposo, 2008 p.109).  Influenciados pelo modelo Norte americano das gated communities, já que foi lá, na década de 1990, que esse novo tipo de moradia atraiu os olhares dos estudiosos. Os Condomínios Fechados se inserem na paisagem urbana de maneira diferente do restante do espaço compreendido por cidade, no sentido de isolar pessoas, privatizar espaços públicos e definir classes.

O Condomínio Cabo Branco Residence Privê, localizado na cidade de João Pessoa, é o mais antigo entre os sete implantados na mesma área, definida pela Prefeitura Municipal da cidade como Bairro Portal do Sol. Uma das características desse tipo de empreendimento é o fato de ser implantado em áreas mais afastadas do “aglomerado urbano”. Sendo o condomínio fechado mais antigo da área, possui aproximadamente 80% de seus lotes já ocupados.

Segundo o livro A Arquitetura da Cidade, de Aldo Rossi, diz que Carlo Cattaneo nunca fará distinção entre cidade e campo, na medida em que todo o conjunto dos lugares habitados é obra do homem (Cattaneo apud Rossi p.22). Sendo assim o condomínio fechado pode ser colocado adequadamente nessa citação já que também é uma obra do homem, planejada a partir das necessidades impostas pelo crescimento acelerado da cidade, porém essa mesma resposta dada como “solução” a uma parte da cidade, leva ao desenvolvimento de outras questões no âmbito geral, como por exemplo, a segregação, a cultura do medo, o isolamento, etc.

Sendo um tema muito explorado nas últimas décadas devido ao crescimento acelerado nas cidades, a especulação imobiliária tem tomado a frente apresentando um novo estilo de morar como uma segunda opção, que une a segurança que um condomínio vertical oferece, mas tendo a casa como tipo de habitação, o que repercute na inexistência de diálogo entre o espaço público e o privado levando ao surgimento de novas questões negativas referente ao espaço urbano. São propriedades privada para uso coletivo e enfatizam o valor do que é privado e restrito ao mesmo tempo em que desvalorizam o que é público e aberto na cidade (Caldeira, 2000 p.258) na medida em que apresentam a versão do ideal acompanhado do status negando a cidade real. No caso da cidade de João Pessoa, o número de condomínios horizontais fechados tem crescido a cada ano e é perceptível ver a participação direta da especulação imobiliária tanto nos novos lançamentos de condomínios, como na construção de casas, dentro do mesmo.

Por estar localizado numa área mais afastada do restante da cidade, o condomínio acaba não sendo atendido com os serviços básicos de infraestrutura que atende ao restante da cidade, mas as pessoas parecem não se importar com isso quando vêem o folheto de propaganda de um condomínio fechado que passa a imagem de completa qualidade de vida.